Pelo visto a rede de desinformações e mentiras montada por Bolsonaro continuará ativa durante seu mandato. Nota-se que seu grupo político espalha inverdades sobre o programa Mais Médicos e sobre os profissionais de Cuba.
O atendimento prestado pelo programa tem sido fundamental e conta com apoio da população e das prefeituras, que já reivindicam sua continuidade, pois é a única forma a que mais de 60 milhões de pessoas têm acesso à saúde. Talvez quem viva em regiões mais nobres dos grandes centros urbanos não perceba, mas nas periferias e nos interiores do Brasil esse atendimento faz a diferença.
Dizer que os médicos são escravos, pois não recebem a integralidade dos valores pagos pelo Brasil, é querer polemizar por má-fé sobre um tema sério que é a escravidão moderna. Não se importam com as condições de trabalho de ninguém no Brasil, mas usam o tema como forma de batalha ideológica. A escravidão se caracteriza por um de quatro dos seguintes aspectos: trabalho forçado, servidão por dívida, jornada exaustiva e condições degradantes. Nenhuma delas acontece no programa.
Dito isso, acho razoável discutir que os médicos de Cuba recebam vencimentos líquidos iguais aos dos brasileiros e outros estrangeiros do programa, sendo que a parte arrecadada como “imposto” para pagar à missão internacional junto à Opas, do governo cubano, seja remunerada de outra forma e oriunda de outro montante do programa. É notório que a lógica geral da formação profissional e atendimento à saúde em Cuba é diferente da do Brasil. Mas não se pode confundir isso com as condições de trabalho, que são dignas e contam com o reconhecimento também dos médicos.
Por fim, espero que a posição brasileira seja reavaliada, que o novo presidente pense e analise antes de emitir opiniões demagógicas que ao fim prejudicam aos brasileiros mais pobres e que dependem do programa, que em linhas gerais cumpre um importante papel na saúde pública.